Aristóteles dizia que o final de uma história deveria ser um final inesperado e inevitável. Ou seja, deveria ser crível bom o suficiente para surpreender a audiência e ser percebido por ela como uma excelente sacada. Um final inevitável não seria o único possível.
Na verdade, uma história pode abrir a possibilidade de dezenas de finais inevitáveis, no sentido de naturais, coerentes com a sequência de evento que o antecederam e com o que acontece na vida real.
O final crível, vale dizer, não precisa ser feliz. Pelo contrário. A vida nem sempre tem finais felizes, de modo que uma história, conforme defende Robert McKee, pode ter finais positivos, negativos ou irônicos do ponto de vista do próprio personagem em relação ao desejo que tinha desde o início.

Mais do que felizes, os finais devem ser convincentes.
Falando especificamente dos finais irônicos, eles são aqueles que, assim como a vida, mesclam pitadas de sucesso e insucesso para o protagonista.
O “viveram felizes para sempre” raramente é o que ocorre na vida.

As histórias reais têm altos e baixos, nem sempre acabam perfeitamente bem. Embora muitas vezes sejam os mais difíceis de se redigir, esses finais costumam ser os mais verdadeiros. O filme E.T. – O Extraterrestre é um bom exemplo de final irônico. O menino Elliot, com sua fiel amizade com o extraterrestre, ajuda-o a voltar para seu planeta. Se por um lado o desejo do extraterrestre é atendido, por outro ele se afasta do novo amigo.
No final, irônico como a vida, positivo e negativo coexistem.
Vale ainda citar as possibilidades de se encerrar uma história com final aberto ou fechado. Enquanto o primeiro deixa algumas questões no ar, o segundo responde a todas as questões da audiência, tudo se resolve na própria história.
Quando a história deixa questionamentos para a audiência, vale dizer, essa deve chegar ao final da comunicação com a sensação de que compreendeu toda a trama. As reflexões são bem-vindas, não a falta de entendimento.
Escrito por Joni Galvão - Sócio Fundador da THE PLOT COMPANY